ISBN 978-65-00-58783-8
BETO BRANDÃO
O POETA DAS EXTINÇÕES RECENTES
[Poesia]
Santa Mariana, 2021.
“Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.”
~ Carlos Drummond de Andrade ~
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Das páginas amarelas
da lista telefônica de 1992
do Norte do Paraná.
Introdução
N. 104
21 de março de 1992 ÷ 23 de junho de 1992.
(Sem o que causou o pânico)
Foram as servas das convidadas que tentaram uma puerilicismice
(O melhor de uma adulta pobre)
Foram à cozinha através da deserta
(Para refeição, evitando chamar a atenção)
Foram as prostitutas com fome por gozar as migalhas
(Abelhas e aranhas... cozendo doces e cosendo botões)
Foram tão boas e tão nuas
(A única ruína da poesia-súporta naquele patrimônio)
Foram abandonadas o quanto antes
(Sem dor no pé ou no outro pé).
Proêmio.
N. 539
Escreviam a poesia querida
De amor importante.
Proclamavam seus sonhos do céu
Em poemas valiosos.
Eles faziam uma seleção de 3 e
Vendiam a exibição do sonho
Para a manhã elísia.
Sentiam e bebiam à capacidade de
Ver o fim do mundo no
Fundo de uma flor.
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